Dead Layer, aspectos formais e conceituais.

Texto por Nathalia Cruz

Dead Layer é uma série de pinturas realizada por Paulo Frade e finalizada em 2014. Composta por 7 caixas pretas de madeira, com 35 x 35 x 15 cm cada, que contêm um pequeno ponto de luz apino e um retrato pintado à óleo no fundo.

A princípio, o nome Dead Layer, ou camada morta, faz menção à técnica escolhida pelo artista na execução das pinturas. Desenvolvida pelos pintores europeus após o Renascimento, a técnica abarca o estágio inicial da pintura no qual a ilusão pictórica da forma é criada sem ater-se a cor. Também conhecida como underpainting, foi denominada assim, uma vez que a camada é desprovida de cor e adquire uma luz pálida e mórbida.

Na série de Paulo, a paleta monocromática, a luz fria e closes introspectivos não são despropositais. As escolhas formais enfatizam o aspecto da morte e suas derivações mórbidas, fortemente presentes. Há o intuíto de manter um certo silêncio contemplativo e intimista na pintura, proveniente do sentimento de perda vivenciado por Frade com a morte do pai em 2012.

Uma vez que o rosto é colocado no fundo de uma caixa preta, a ideia deste ser observado como uma paisagem descampada é desconsiderada. Foi estabelecido pelo artista um distanciamento físico entre a figura e o espectador, nem tudo será desvelado, parte permenecerá na incerteza da penumbra. Aqui, o rosto não tem um apelo de superexposição, mas sim de um curto distanciamento, o suficiente para se estabelecer um espaço de respeito ao mistério.

O jogo de luz e sombra, influência da pintura Barroca, hora vela, hora revela. Hora a luz da caixa acende e traz a figura à vida, hora se apaga e à leva para o esquecimento. E assim se dá a dualidade inerente da condição humana.

A energia e a intensidade, por sua vez, estão presentes apenas nas vigorosas e volumosas pinceladas que dão forma à figura humana quase como que à uma escultura desbastada. Evidenciada também pelos claros e escuros, a intensidade provém dramaticidade à pintura de modo a buscar uma tentativa de provocar não apenas a atenção do olhar do espectador, mas também a sensação física de ambiência.

Em Dead Layer, Frade escolhe contemplar a expressividade sem deixar o figurativismo. Para isso, o artista se inspirou nas pinturas do final da vida de Rembrandt, as quais são trabalhadas com camadas de tinta espessas e soltas, bem como, nas obras dos artistas contemporâneos Lucien Freud e Jenny Saville.

Além disso, durante o processo surgiram alguns questionamentos. Um deles está incutido no nome do projeto. Se o corpo esvaecido é a camada morta ou o “dead layer”, haverão outras camadas? Este será, provavelmente, um tema para ser explorado nas próximas séries do artista.

A elegância e a valorização do
belo podem ser tocadas

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Paulo Frade